sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Vert

Boa tarde pessoas!

Lembram que há algumas semanas atrás eu fui naquele desfile de moda sustentável? O SP Ecoera? Então, se você não chegou a ver, confira aqui... Mas se leu, deve lembrar que eu contei rapidamente sobre as marcas que lá desfilaram, e assim surgiu um convite da Vert Shoes para uma visita no showroom e conhecer melhor a marca. Agora venho compartilhar essa experiência com vocês!

Essa história começou em 2005 quando dois amigos franceses - François e Sébastien - saíram de seus empregos rumo a uma viagem de aprendizado sobre projetos sustentáveis, e seu impacto sobre a sociedade. Então resolveram criar a Vert, uma marca de tênis sustentáveis fabricados no Brasil. O curioso é que mesmo a produção sendo sempre aqui, as vendas em território nacional começaram somente em setembro deste ano, pouquíssimo tempo!

Logo, a coleção que chegou para nós brasileiros foi a de primavera/verão, com destaque para os modelos inspirados naquele doce francês que taaanto adoramos, o macaron!



François contou a ideia de entrar neste mercado brasileiro, veio de uma percepção sobre o consumidor que está mais preocupado e engajado com o tema sustentabilidade. Além de sua vontade própria de vir morar aqui, após conhecer o país há tantos anos. Outra curiosidade é que lá fora a marca se chama VEJA! E pra cá veio como Vert, que significa "verde" em francês, ou seja, tudo a ver com o conceito!

Atualmente já contam com mais de 300 pontos de venda na Europa, Ásia e Estados Unidos. Como na famosa Galeries Lafayette na França, onde encontram-se também diversas marcas de luxo mundiais. Aqui no Brasil está presente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco, isso sem falar do e-commerce. Para conferir os endereços certinhos, clique aqui

E quais os modelos? O primeiro foi o Volley, inspirado nos tênis de vôlei da época de 70, depois temos o Esplar, mesmo nome dado a cooperativa de algodão e por fim o Tauá, relacionando à cooperativa de seringueiros. Foram inspirados na cultura urbana, e com este design atemporal completam qualquer produção, além do conforto de um bom tênis, que muitos não abrem mão não é?! 




Aqui fiz uma montagem explicando os materiais utilizados em cada parte do tênis:





Só para completar, a fábrica é no Rio Grande do Sul. 

Lembram daquele Tripé da Sustentabilidade, que analisa 3 vertentes (ambiental, social e econômica), para um produto ser sustentável? Então, vamos dar uma analisada na Vert: a matéria prima utilizada é ecologicamente correta, a empresa busca atuar junto com as comunidades locais, valorizando seu trabalho e com pagamento justo, e por fim o aspecto econômico se reflete no preço dos tênis, equivalentes a um tênis normal = produto sustentável!

Aí você me pergunta: como um produto com este material sustentável consegue ter um preço em conta? O que a marca me contou é que pra compensar o preço da produção, o investimento em marketing é baixo. Assim, não investem em anúncios em meios físicos ou digitais, mas promovem ocasiões para divulgação da marca e participam de outros eventos.

Quando questionei se pretendem expandir o mix de produtos, me disseram que lá fora onde a marca está mais estabelecida já comercializam acessórios também, como bolsas e cintos! Então, podemos esperar novidades por aí hein!

E aqui outros modelos...




Notaram as diferenças neste último modelo? Sim, ele é de cano alto e estampado! 

Amanhã vai rolar o lançamento desta tênis, aqui em Sp! Segue o flyer para quem quiser ir!



Espero que tenham gostado pessoal, e até a próxima!

Beijão

domingo, 24 de novembro de 2013

Moda Inclusiva

Boa tarde pessoal,

era segunda a tarde quando uma amiga jornalista veio me dizer que na terça,  ia rolar um desfile de Moda Inclusiva. Eu que não sabia muito sobre o assunto, fui procurar mais informações e na terça lá estava eu para o 2° Fórum Internacional de Moda Inclusiva e Sustentabilidade e na sequência o desfile final do 5° Concurso Internacional de Moda Inclusiva. E adivinhem só? Acabei me apaixonando novamente por este mundinho chamado moda, e suas diversas facetas! hehe.. E como sempre, vim compartilhar neste espaço com vocês!

Os 20 finalistas do 5° Concurso

As marcas que ditam moda hoje fazem isso para pessoas magras e altas, ou seja, uma parcela mínima da população. Resultado disso? Pessoas acima do peso vestindo roupas que não servem direito, outras usando peças inadequadas a sua idade, e deficientes com roupas que machucam ou não conseguem comprar ou vestir sozinhos, tirando a independência do indivíduo.

Um fato curioso é que no Brasil existem 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, ou seja, 23,9% da sociedade. Sacou? Quase ¼ de brasileiros!  E o mercado continua ignorando essa situação.

Já comentei algumas vezes aqui como a moda é um dos jeitos de mostrar nossa identidade, personalidade e estilo, logo ela deve ser democratizada e acessível para todos os cidadãos. E assim, para incluir corpos que a moda atual não contempla surgiu a Moda Inclusiva olhando além do corpo perfeito, mas principalmente para a ergonomia, mobilidade e funcionalidade das peças.

Se pararmos pra pensar as dificuldades de um deficiente desde a hora da compra até a parte de se vestir, encontraremos muitas. Cada deficiência gera um empecilho, seja na hora da compra para cegos, que muitas vezes são enganados quanto as cores dos produtos; aos cadeirantes com dificuldade de acesso e movimentação dentro das próprias lojas; a modelagem de uma calça jeans, que ao vestir um corpo que não se movimenta, gera machucados; entre outras dificuldades. 

Além disso, para a pessoa com deficiência é uma conquista conseguir escolher uma roupa bonita e confortável e poder vesti-la sozinha. E isso só aumenta a autonomia e auto-estima deles.  

Então para suprir essa necessidade, em 2009 foi realizado o 1° Concurso de Moda Inclusiva, uma iniciativa da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo. Nele podem se inscrever designers que desejam exercer sua criatividade, através de looks para pessoas com deficiência. A sacada está em pensar nas soluções que atendam esse mercado, com materiais especiais, deslocamento das costuras, posições dos bolsos, entre outras adaptações que tragam conforto e praticidade. 

Em paralelo com o Concurso, desde o ano passado acontece o Fórum Internacional de Moda Inclusiva e Sustentabilidade, trazendo trabalhos científicos relacionados ao tema e uma mesa redonda com discussões entre especialistas do setor. Muito enriquecedor para quem pretende desenvolver algum trabalho deste tipo, e também para o aprendizado do público em geral. 

E como tive a oportunidade de estar presente na mesa redonda, um dos pontos que mais me chamou a atenção foi quando uma das pesquisadoras do assunto, Mariana Roncoletta, disse que já procurou ao redor do mundo países que investem na Moda Inclusiva, e de acordo com ela há pouquíssimo material sobre este assunto, e ninguém desenvolvendo um projeto como este aqui no Brasil. (Hello, oportunidade!)

Agora vou mostrar para vocês o trabalho dos 3 primeiros colocados do Concurso! 


A grande vencedora foi Patrícia Helena Galves, sua inspiração para este trabalho veio de uma peça de teatro com cadeirantes, ao perceber a leveza dos atores superando seus limites. A roupa além de ter várias funcionalidades como grande parte em malha e tecido confortável, consegue aliar pontos da moda como o bordado nos ombros e bolsos. Ela fica satisfeita em perceber que a moda pode contribuir muito para facilitar o cotidiano das pessoas com deficiência, e acredita que isso sim é inclusão.



O segundo colocado foi Eli Golande. Inspirado na torre de TV de Berlim, onde nascem as linhas retas e o corte seco, justo em calças e casacos, no tênis vintage de cano alto estabelece uma conexão com os não cadeirantes, mostrando que com as devidas adaptações nenhuma fronteira é intransponível. O casaco tem um sistema de articulação interno coberto com plástico, abertura na gola, e aplicação de tecido nas costas.


E por fim, Nadir de Almeida traz para a moda masculina uma calça especial para cadeirantes, ou quem utiliza prótese nos membros inferiores. Um sistema de aberturas estratégicas facilita o vestir, despir e auxilia nas questões urológicas e sexuais, aliado a tecidos confortáveis e de qualidade, além de fechos facilitadores com velcro e elástico. Ela acredita que refletir sobre a deficiência é alargar o olhar do processo criativo, e fazer moda para todos. 

Ainda bem que mesmo lentas, existem iniciativas como esta não é pessoal? Espero ter contribuído um pouco mais para o conhecimento de vocês, e percebam como a moda é muito vai muito além do luxo desejado e do fast fashion adquirido.

Grande beijo e uma ótima semana.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

SP Ecoera 3 - O desfile de marcas sustentáveis

Boa tarde caros leitores!

Quem convive comigo sabe que neste ano mergulhei de cabeça no universo da moda sustentável parsa realizar o meu TCC. Li dois livros muito bons, e pesquisei bastante na internet os sites que trazem assuntos relacionados a este tema, assim como as marcas preocupadas com o meio ambiente e a sociedade.

Nessas pesquisas encontrei o site Ser Sustentável com Estilo, da jornalista Chiara Gadaleta. Confesso que a princípio me supreendi porque já havia ela apresentado programas de consultoria de moda no canal GNT, mas nunca pensei que estaria envolvida com sustentabilidade. Ao fuçar mais no site, descobri que estava organizado a terceira edição do SP Ecoera, um desfile que traz marcas de moda sustentável. Como o evento era gratuito e a inscrição feita no próprio site, nem pensei duas vezes antes de me inscrever e ir né! hahaha... E nesta quarta feira (06/11) estava lá eu.


Olhem só que lindaaa a entrada!


Quem apresentou foi a própria Chiara, bem simpática por sinal, ela disse mais ou menos assim: " Há um ano e meio atrás fazíamos a primeira edição deste evento, com 6 participantes, que nasceu da necessidade de apresentar ao público um produto ecológico e que se preocupa com a sociedade. Hoje fazemos a terceira edição com 30 participantes nestes 3 dias. Assim podemos ver a demanda do consumidor mesmo, por este produto".

A fofa usava uma bata larguinha estampada, calças de crochê e tênis Vert


Então vim contar um pouco pra vocês como atuam as marcas que pude conferir hoje no desfile, e te garanto você vai se encantar!

Tudo começou com o desfile Meias do Bem, da Puket. Este nome é de um projeto da marca mesmo, que funciona assim: você leva um par de meias usadas nas lojas, e em troca eles dão um par de meias novas a crianças carentes. Bacana né?!
E para as roupas do desfile eles aplicaram o reaproveitamento de fibras e tecidos da fábrica da Puket, e chamaram quatro estilistas para fazerem os looks, em curadoria da estilista Karla Girotto. O resultado ficou bem interessante, olha só:





Será o Benedito foi o segundo desfile, e o dono da marca Orivan Pavan convidou Gustavo Silvestre para desenvolver a coleção para o SP Ecoera, na qual foi usada lona de caminhão e reaproveitamento de estoques de roupas antigas.
A marca busca sempre utilizar produtos, materiais e procedimentos sem agressões ao meio ambiente, como lona de caminhão reaproveitada, tingimento sustentável e algodão orgânico, e também sem crueldade com os animais. 





Flávia Aranha apresentou a coleção Coração Selvagem, inspirada no livro "Perto do Coração Selvagem", de Clarice Lispector. Para falar dessa natureza íntima, bruta e selvagem, Flávia utiliza fios de lã fiados na roca e tintos com pigmentos naturais como a carqueja, índigo e alguns tons de verde. A lã foi usada para bordar desenhos nas telas e brinca com as diferenças entre leve e pesado e transparência e opacidade. 

Os tons predominantes são o verde, o nude e o cru. A estampa é geométrica e remete a simetria das folhas. Seda, linho e lá são os tecidos escolhidos para a temporada de frio. E uma aposta da coleção são as mantas tecidas com seda natural, fiadas à mão com texturas únicas que surgem da rusticidade do tecido.





Na sequência veio o desfile de Gustavo Silvestre em parceria com a Associação Santo Agostinho. Esse designer é conhecido pelo trabalho artesanal com e chochê, e desfila na Casa de Criadores desde 2004. Nessa coleção algumas partes das peças foram tricotadas por senhorinhas da Associação Santo Agostinho, uma entidade que atende crianças, jovens e idosos.
O acessório marcante de Gustavo são as pedrarias, em formato rústico, que junto do crochê compõem pulseiras e colares. 



Olhem aqui a pedraria, em uma espécie de poncho!


No último desfile vimos a parceria de quatro empresas:  Brechó Toca de Cathy + Vuelo + Pandora + Vert.

E aí você me pergunta: por que um brechó entrou em um desfile de marcas sustentáveis? A resposta é simples: reaproveitar roupas também é uma das formas de ser sustentável! Aliás, acaba sendo a melhor forma, porque ao comprar uma roupa usada evitamos todo o processo da cadeia têxtil que destrói o meio ambiente, e a vida das pessoas que trabalham com isso.

A marca Vuelo faz bolsas e malas de viagem, sendo que toda a matéria prima é produzida no Brasil, uma produção artesanal e com reutilização de câmaras de pneu. Vert é uma marca francesa com materiais naturais como o látex do Acre e algodão orgânico. E por fim na Pandora, uma linha de jóias com madeira certificada pela Rainforest Protection Initiative. 

Então as modelos desfilavam com: as roupas do Brechó, sapatos Vert, bolsas Vuelo e jóias Pandora! Juro que a combinação de tudo ficou ótima, o styling estava perfeito!





Por hoje é só pessoal! Espero que tenha despertado pelo menos uma curiosidade em vocês, sobre essas marcas sustentáveis. E quem sabe nós não seremos os próximos consumidores conscientes?

Beijos!