sábado, 30 de março de 2013

O que há por trás do SFPW e a Amapô

Boa noite caros!

Como todos sabem (ou deveriam saber), semana passada rolou mais uma edição do principal evento de moda do país, sim o badalado São Paulo Fashion Week, no qual as marcas apresentaram suas coleções pro verão de 2014. E eu consegui um convite de um amigo, para assistir o desfile da Amapô, e hoje vim contar um pouquinho da minha experiência.

Esta não é minha primeira vez no fashion week, se não me engano é a quarta. Ainda lembro da primeira quando era uma bichete de moda e decidi que queria ir no evento, então botei o salto alto, uma roupa bonita, fiz o make e fiquei lá na porta pedindo convites para todos que passavam! hahaha
Muitos nunca se sujeitariam a isto, mas como já diz o ditado "Quem tem boca vai à Roma", consegui assistir dois desfiles, Ronaldo Fraga e Reserva ;)

Uma montagem das edições que já fui do evento

E a primeira experiência ao entrar foi de êxtase, mal podia imaginar que estava lá na Bienal e ia assistir a um desfile igual via na TV, ao andar só via pessoas bonitas, uma lojinha com tudo o que há de mais fashion e cool, repórteres fazendo entrevistas ali no meio, meus pézinhos voltaram cheios de bolha e os olhos brilhando de alegria. Semana passada todo este encanto se perdeu...

Oi? Como assim se perdeu? Isto mesmo caro leitor, pois ao chegar lá, dentre os mais diversos lounges de marcas patrocinadoras do evento, os únicos disponíveis para o público são aqueles na área aberta, da Melissa e Boticário, o resto nem cogite chegar perto pois seguranças e fitas barram a entrada, somente para a imprensa e os mais badalados, sejam atrizes, blogueiras ou famosos. Viva Melissa e Boticário, democráticos que divulgam seus produtos a todos e ainda oferecem algo ao público, com sorvetes na Melissa pois foi a inspiração da coleção e cursos de make no Boticário.
A famosa lojinha pop-up store, reúne coisinhas mais lindas desde roupas, acessórios, até livros e papelaria, e nada a um preço acessível, motivo pelo qual só as moscas circulavam nela, e quem entrou saiu de mãos vazias.



Então você chega na porta do desfile no horário previsto para começar e fica feliz porque já abrem as portas, maaas lá dentro tem que esperar, somente 50 min de atraso. E detalhe, quando as luzes já se apagam para começar, vê a simpática Costanza Pascolato perdida no meio da passarela procurando um assento!

Depois deste momento desabafo, qual conclusão que eu quero chegar? Este evento é para a imprensa, revendedores e consumidores de suas respectivas marcas. Se você for estudante ou uma pessoa com vontade de ver tudo de perto e por sorte conseguir um convite, já adianto que sua vista será de lado, longe, apertado e a melhor coisa é assistir tudo no conforto da sua casa, pelo GNT.



Depois do desabafo gostaria de destacar um pouco sobre o desfile que vi da Amapô, marca que eu não conhecia até então. Na passarela já se destacava a cauda de uma sereia, trazendo o tema náutico da temporada. Para elas a aposta foi em babados, peças mais soltinhas, tecidos devorê, e peças com macramê e para eles peças com listras e poás, muitas vezes misturados no mesmo look. A marca começou no HotSpot, aquele projeto para novos talentos, sua primeira coleção foi vendida apenas para uma loja e depois lutaram para entrar na SPFW, nas coleções se destacam cores e estampas.



E isso aí pessoas, e uma boa páscoa a todos!

Beijo,

Nati.

sexta-feira, 15 de março de 2013

As fibras sustentáveis

Boa tarde caros!

Não sei se todos se lembram, mais ano passado eu cheguei a comentar um pouquinho do algodão orgânico, um tecido ecologicamente correto, e sua importância para um desenvolvimento sustentável tanto para quem produz, quanto para quem compra. E hoje me dei conta que exitem outras fibras sustentáveis que todos devem conhecer, para se conscientizar na hora do consumo. Aqui vai um pouco delas:

Algodão agroecológico: Esta fibra é cultivada da mesma forma que o orgânico... Mas qual a diferença dos dois? É que o agroecológico não recebe certificação, as vezes porque o comprador não exige o selo, ou pela falta de recurso dos agricultores em contratar uma agência certificadora. No Brasil, trabalham com este cultivo: ESPLAR, ADEC e Justa Trama.



PET: A partir da reciclagem pode ser transformado em fio para indústria têxtil, sendo que é utilizado em grande parte na confecção de malhas e não tecidos. Este cenário resultou em uma proliferação de confecções de camisetas feitas com PET, o que é um ótimo sinal pois estão ligadas com cooperativas, associações e projetos sociais de reciclagem. E falando de qualidade, ao ser transformado em fio vira um poliéster, que combinado com algodão resulta em uma malha resistente e durável, com a diferença de ter um valor social e ecológico agregado. 



Couro vegetal (tree-tap): Esta fibra é produzida na floresta Amazônica, ajudando as comunidades seringueiras, melhorando sua renda, condições de saúde e autoestima. Consiste no revestimento do tecido de algodão, acrescentando o látex extraído da seringueira, e assim torna-se um substituto do couro animal e sintético, este último que é produzido a partir dos derivados de petróleo. É uma alternativa para a fabricação de calçados, bolsas, roupas, revestimentos, etc...



Uma outra forma de ser sustentável através dos fios é o upclying, que consiste em aproveitar peças descartadas para fabricar peças novas. A EcoSimple é uma tecelagem que trabalha com isto, transformando retalhos e sobras em novos fios e também com os fios de poliéster, da reciclagem de PET.


Agora é minha, sua, nossa hora de sermos mais sustentáveis!

Beijos verdes! haha

sexta-feira, 1 de março de 2013

Ronaldo Fraga

Bom dia caro leitor!

A algum tempo já vinha matutando a ideia de escrever neste espaço sobre estilistas que eu admiro o trabalho e suas respectivas marcas. E como vivemos em um país cheio de riquezas, resolvi começar com um  verdadeiro artista que sabe muito bem valorizar a cultura brasileira... Ronaldo Fraga!



Meu interesse no trabalho dele se despertou na primeira oportunidade que tive de ir ao São Paulo Fashion Week. Chegando lá entrei na sala do desfile e em cada lugar encontrava-se uma sacola de papelão com propaganda de materiais de construção, dentro dela um release da coleção. Na passarela as modelos desfilavam sobre diversas imagens suspensas as quais tratavam do tema, Athos Bulcão, um artista modernista, azulejista de Brasília, e colaborador de Oscar Niemeyer. 



Contando um pouquinho da história deste mineiro, ele se formou em um dos primeiros cursos de estilismo do país, na UFMG e depois foi estudar fora, em Londres. Em 1996 lançou sua marca no antigo Phyotervas Fashion e desde então não teve descanso, logo indo para a Casa de Criadores e no ano seguinte recebeu um prêmio de Estilista revelação.

Em 2001 estreou no time de marcas do SPFW e já foi aclamado como estilista "cult" da Moda Brasileira, ao desfilar o tema "Rute - Salomão" uma história de amor fictícia entre um judeu ortodoxo e uma cristã.



Desde então, em todos os desfiles estabelece um diálogo da cultura brasileira com o mundo contemporâneo, traz a moda de forma narrativa, emocionando e fazendo as pessoas refletirem em todos os momentos, desde o release até a passarela. Abordando e questionando temas que afligem a sociedade como problemas sociais e ambientais brasileiros, histórias familiares, literatura brasileira, entre outros, sua produção valoriza esta diversidade cultural brasileira. Assim busca sempre o artesanato e a cultura local, desenvolvendo projetos de geração de renda e emprego para comunidades ligadas a indústria da confecção, além de resgatar artistas nacionais esquecidos ou desconhecidos.

Um exemplo foi o projeto Talentos do Brasil coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, que foi criado com o objetivo de estimular a troca de conhecimentos entre grupos de artesãs e cooperativas, na qual Ronaldo trabalhou com os seguintes grupos: Coxim, no Mato Grosso do Sul (Pele de Peixe), Paraíba (Renda Labirinto) e São Borja, no Rio Grande do Sul (Lã e crina de cavalo).




Todo este trabalho possibilitou sua participação em exposições e eventos internacionais, como no BRIT INSURANCE – Designs of the year de 2008, o único representante da América do Sul. Neste mesmo ano ainda esteve na  I Bienal Ibero-Americana de Design e apresentou uma instalação no museu de Arte Contemporânea de Tokyo na exposição “When Lives Become Form” que abrange o tema da criatividade brasileira.


Agora vou colocar umas imagens/vídeos de diversos trabalhos que merecem destaque.

 Em "Quem Matou Zuzu Angel" Ronaldo relembra a história da estilista mineira e o contexto no qual ela viveu e morreu, no Regime Militar vivido no país entre as décadas de 60 e 80.



Desfile inspirado no Rio São Francisco abordando o tema da transposição deste e os problemas causados por essa transposição, o que depois rendeu em uma exposição.



Este vídeo abaixo mostra a coleção "Tudo é Risco de Giz", que foi inspirada no espetáculo Giz, do grupo Giramundo. Assim como a peça, o a coleção aborda temas como abandono, desamparo, da invisibilidade de pessoas mais velhas e também da fragilidade de um risco de giz, o qual é facilmente apagado por um pedaço de pano.

E esta foi a história de hoje pessoal! E fica a dica de acompanhar a trajetória deste artista que vem nos surpreendendo a cada temporada!

Beijos e um ótimo fds :)