segunda-feira, 28 de abril de 2014

Zuzu Angel

Boa noite caros leitores!

Ando afastada deste espaço tão especial há um tempo, por conta do trabalho, sem rumo, incentivo, ou vontade de escrever. Sim, admito minha sem-vergonhice mas espero começar a reverter este quadro hoje, depois de ter visitado uma exposição incrível quero voltar pra este espaço contando pra você um pouco da história de Zuleika Angel Jones, mais conhecida como Zuzu Angel.

Os primeiros anos dessa mineira nascida em 1921 foram semelhantes aos de muitas mulheres. Morou com a família, na adolescência conheceu um rapaz (Norman) com o qual se casou e teve seu primeiro filho (Stuart). Mudou-se para a Bahia e depois para o Rio de Janeiro, onde teve duas filhas. Trabalhava como costureira fazendo roupas para a própria família, e ao ser apresentada a primeira-dama Sarah Kubitschek por sua tia, foi introduzida na sociedade carioca, o pontapé inicial da carreira . Então começou a costurar para outras pessoas, pois era criativa e talentosa destacando-se assim profissionalmente. 

Com o passar do tempo, o trabalho de Zuzu foi cada vez mais reconhecido. Em seu auge ela abriu uma loja no Rio de Janeiro, desfilava suas criações aqui e nos Estados Unidos, onde abriu um escritório, vestiu diversas atrizes nacionais e norte-americanas, criou figurinos para cinema e teatro, vestidos de noiva, recebeu prêmios por sua atuação na moda. Levou para o exterior a temática brasileira com flores e pássaros, Lampião e Maria bonita, em tecidos como algodão, renda e bordado, mostrando ao mundo a cultura nacional.

Pastoral - Franja de seda com bolinhas de jacarandá e renda do Norte


O auge do seu sucesso coincidiu com a época da ditadura militar no Brasil, e após a instituição do Ato Institucional 5 foi dada a largada à caça aos opositores do governo, além da censura da imprensa. E o filho de Zuzu, Stuart, era um militante ativo do Movimento Revolucionário de 8 de Outubro, então logo foi preso e desapareceu. A partir daí, a mãe deixa de lado a carreira e começa uma busca incessante pelo filho. 

Depois de algum tempo recebeu uma carta de outro preso político contando das torturas pelas quais Stuart fora submetido, e seu assassinato. Logo, transformou toda a dor e revolta em roupas que denunciavam a situação política no Brasil e levou mundo a fora esse protesto. A figura do anjo aparecia com frequência fazendo alusão a seu filho, e ela mesma utilizava roupas pretas em sinal de luto.


Tudo acabou em 1976, quando Zuzu sofreu um acidente de carro. Anos depois, foi descoberta a sabotagem e a emboscada. É interessante pensar no seu legado e influências tanto moda brasileira, sendo a primeira estilista do país, exaltando o que há de melhor aqui, e também a pioneira em denunciar a situação do Brasil na época através de seu trabalho. Além disso, seu lado maternal é outro destaque devido a busca incansável pelo filho vivo, e depois pelo seu corpo.

Abaixo trouxe uma imagem de um vestido da exposição com a estampa de pássaros, e a releitura que vemos atualmente nas araras e vitrines do país, para você perceber como a moda sempre utiliza referências de outras épocas nas chamadas tendências.

À esquerda "Revoada de Andorinhas", estampa criada por Zuzu Angel em tecido Polybel para a coleção International Dateline Collection III, em 1971. À direita, blusa com estampa de andorinhas da Forever 21

Isso é um resumão da vida de Zuzu Angel, a exposição oferece muito mais! Aproveite a entrada franca, vá sem pressa, com tempo de apreciar cada momento proporcionado através de muita interatividade. E qualquer coisa comenta aqui embaixo! ;)


Quando? Em cartaz até 11 de maio. De terça a sexta das 9 às 20h.
Sábados, domingos e feriados das 11 às 20h
Onde? Itaú Cultural - Avenida Paulista, 149 - Próximo à estação de metrô Brigadeiro.
É permitido fotografar sem flash


Até a próxima pessoal!
Beijooos